sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

PASSANDO O AÇUCAREIRO - Hello, mottos!

Segundo a astrologia chinesa, 2014 era o ano do Cavalo. Retro-refletindo, avalio hoje como ele entrou estrepitoso em sonhos e ansiando por liberdade, mesmo como um cavalo de corrida. Era o ano da Copa, o ano das eleições, o ano em que minha filha mudava de escola. O ano que só começava no segundo semestre, de tantos feriados que havia no primeiro! O ano que acabou sem começar direito. O ano do Cavalo deu zebra.
Ainda segundo os chineses, 2015 é o ano do Carneiro, que deve ser menos energético e mais lento que o ano passado, como também mais harmonioso, equilibrado e pacífico, nos aproximando da família e nos deixando mais sensíveis e criativos para enfrentar os problemas. Talvez por isso tenha sentido que a passagem desse ano foi bem mais sutil e preguiçosa. Como se 2014 estivesse passando para 2015 do mesmo jeito que passamos o açucareiro na mesa do café-da-manhã de domingo.

Na meditação da manhã do dia 1º ouvia-se ao longe o funk do baile que teimava em não terminar. Com o calor, já tão cedo, mesmo os pássaros pareciam ainda querer dormir, enquanto o vento, por sua vez, parecia não querer soprar. Um ano que não queria começar: pesado, quente e sonolento.
Imersa nessa modorra generalizada, atipicamente me senti com vontade de sair do Vihara e voltar para a minha casa, para as minhas coisas, para os meus assuntos. De preferência ficar sem as crianças, com tempo e espaço só para mim e minha inevitável mente. Como se, depois do café-da-manhã, quisesse voltar a dormir, ou me esconder em minha toca, no meu Hobbit Hole, até que o calor passasse e o mundo novamente voltasse a se mover tocado por, ao menos, uma brisa fresca.
Esperando este precoce e prolongado domingo acabar, sem nenhuma pressa pela azáfama das segundas-feiras, avisto o novo ano chegando como se fosse um navio em mar de calmaria. Não espero que ele traga novidades, apenas mais do mesmo. 
Mas se engana quem nestas linha lê monotonia. Como bem descreveu Joaquim Ferreira dos Santos em sua mais recente crônica, "as pequenas felicidades escondidas nas desacontecências de 2014 me foram mais importantes." Foi onde imponência do Cavalo deu lugar à doçura da zebra. E "a preservação dessas trivialidades benignas é fundamental para a felicidade da nossa espécie."
Com meu motto de 2014, "let go of things", deixei bastante coisa para trás, cavalo querendo se livrar das rédeas e arreios. Já como ovino, hei de ruminar 2015 com meu motto by John Lennon: "Life is what happens to you while you're busy making other plans."





SIMqüenta - 22/09/14

SIM, patia.
SIM, plicidade.
SIM, ceridade.
SIM, cronicidade.
SIM, qüenta!
SIM, com trema pra todo mundo ler como se fala.
NÃO é assim que se escreve sincronicidade,
nem sinceridade,
nem cinquenta.
Mas quem SIMporta?
SIMbora viver mais SIMqüenta!
Patrícia SIMoens.

PAREDES - 05/09/14

Hoje, no biscoitinho da sorte do chinês, veio a mensagem: "Se você está só é porque construiu paredes ao invés de pontes."
Não posso negar que sou comunicativa, sou relativamente extrovertida, tenho bom senso de humor, sou geralmente boa de jogo... e sou humilde. Ou seja, nada do tipo que constrói paredes ao invés de pontes.
Deduzo, então, que esse "lonely feeling" só pode ser algum karma aí que ora vem frutificando. Alguma outra crença poderia dizer é um desafio que tenho que enfrentar para me elevar espiritualmente. Alguma outra poderia dizer que é praga. Ou que estou pagando meus pecados. E por aí vai um fieira de explicações.
Volta e meia lembro de uma história do meu monge favorito. Sem nenhum treinamento prévio no ofício de pedreiro, com muito esforço e paciência, ele havia erguido uma parede na construção de um mosteiro. Dois tijolos ficaram mal colocados e ele se envergonhava muito deles. Até que um visitante no mosteiro o parabenizou pela parede e chamou sua atenção para os outros 998 tijolos bem colocados! Daí pra frente sua atitude com relação à parede mudou, e ele passou a usar este símile para despertar a atenção de outras pessoas quando elas reclamam dos problemas de suas vidas. Possivelmente elas não estão olhando a parede toda, só os dois tijolos errados!
Depois de conhecer esta história penso logo nos outros 998 tijolos quando sinto que vou entrar no "modo lamentação". Mas, pra me livrar mesmo desse Samsara besta, o melhor é me lembrar, momento a momento que, se não houver o construtor, não haverá mais nada. Nem paredes, com seus tijolos certos ou errados, nem pontes.

DIA DAS MÃES - 11/05/14

Dia das Mães, ok.
Sonho de consumo: tempo livre.
Melhor presente: a lição que o que importa é o amor que você sente.
Missão: aprender a não esperar nada dos outros porque, afinal, são os outros!

Valentine's - 15/02/14

Acho que temos que observar bastante nossa mente para não confundirmos a seguinte ninhada de gatos: metta por si mesmo e egolatria; compaixão e generosidade com não dar importância a si mesmo e baixa auto-estima; e equanimidade em datas especiais com insensibilidade.
Nas "datas especiais", repletas de comportamentos condicionados, é complicado ficar equânime com a publicidade batendo à nossa porta e a carência querendo sair pela janela. Não sei se é massagem de ego ficar se dando agrados, fazendo pequenos mimos consigo mesmo. Pessoalmente tenho a sorte de detestar comprar, então só me aventuro quando eu preciso mesmo.
Neste Valentine's, pior foi controlar a aquisição e consequente consumo de chocolate...

kidless - 28/01/14

Hoje tenho noção da liberdade que eu tinha quando não tinha filhos. Chegava em casa do trabalho e fazia o que quisesse. Como eu tinha tempo e não sabia!

SER POP É SER MAIS RELAX - Janeiro de 2014

SESC GRUSSAÍ - Como é bom frequentar os mesmos lugares que as pessoas que não nasceram em berço de ouro frequentam! Só de olhar em volta, dá pra perceber que as pessoas aqui hoje têm as mesmas coisas que outras de classes mais altas. Mas também dá pra perceber que elas, ou seus pais, lutam ou lutaram para isso, então dão muito mais valor ao que têm. Estão muito mais satisfeitas e realizadas com esse relativamente pouco que, para alguns, pode ser até muito!
Olhando para os meninos, vejo que eles se divertem com a piscina, comendo hambúrguer, às vezes tomando uma cervejinha. Outros, mais introspectivos, parecem apreciar os estudos e seu aparente sucesso escolar.
As meninas, bem... elas não me chamam muito a atenção, sorry... Os modelitos em geral correspondem ao que cariocas poderiam chamar de "SAARA Fashion".
A  forma física da galera em geral revela que comem as promoções do Supermercado Guanabara ou quejandos. Integrais e orgânicos passam longe. Consumo inconsciente. Bem, apesar de meus esforços naturebas, confesso que não destoo da paisagem.
Meninos e meninas, todos parecem curtir bem suas famílias e amigos. No ambiente rola muito menos tensão, menos controle da auto-imagem, e bastante mais espontaneidade e cordialidade entre os hóspedes do que em outros lugares que já frequentei.
Este bem-estar da simplicidade vai fazer mais bem à minha filha do que a tensão constante de querer ir à Disney como as amiguinhas - muitas das quais foram com as despesas pagas pelos avós ricos, que minha filha não tem.

DHAMMA ON THE ROAD - 16/01/14

Dirigir na BR-101 é um verdadeiro videogame de corrida de carros na vida real. Portanto, é uma ótima oportunidade para se praticar o Dhamma.
Para dirigir em mão dupla e se salvaguardar de ultrapassagens proibidas vindo na contramão, plena atenção.
Para não ter raiva dos motoristas barbeiros, velozes e furiosos, metta.
Para proteger sua própria vida e dos apressados que insistem em te ultrapassar, mesmo que você esteja na velocidade máxima permitida, karuna. É aquele momento em que você deixa espaço suficiente para seu coleguinha de samsara ser feliz entrando na sua frente na fila de carros atrás de um caminhão, gloriosamente se adiantando os poucos metros que correspondem às medidas de seu carro econômico.
Dhamma on the road é meditação dirigindo.