domingo, 20 de dezembro de 2015

Equilíbrio

Tem horas que quero arrumar tudo,
Outras que não quero arrumar nada.

Horas que quero marcar de ver todo mundo,
Horas que não quero encontrar ninguém.

Horas que quero fazer dieta ayurvédica,
Horas que desejo a ignorância de quem come o que está em promoção no Mundial e no Guanabara.

Tem horas que quero aproveitar cada segundo com meus filhos,
E horas que quero tirar umas feriazinhas deles.

Horas que quero viajar o mundo,
Horas que quero me refugiar no interior.

Mas o que quero mesmo
É parar de pensar
No passado
No futuro
E encontrar o silêncio na pequenez do presente,
Onde nada acontece.

domingo, 25 de outubro de 2015

ART CORE

When you smell like teen spirit
Você percebe a nova natureza
da selva de pedra
E o novo espírito de sobrevivência
nas manobras selvagens no
SK8

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Inverno Carioca

Vinha sendo um dia comum para mim. Meu filho não tinha nem um mês de nascido e, pela manhã, o tinha levado para o banhozinho de sol na orla, como de costume. Um sol meio pálido, porém contente, e uma temperatura amena, como convém ao inverno carioca.
Com meu primeiro filho, tão saudável, no colo; com casa, comida e roupa lavada pela minha empregada, tinha tudo e mais um pouco do que precisava. A vida corria bem, tranquila e feliz, e a televisão era mais uma utilidade doméstica, ali, onde sempre estava.
Logo depois do almoço tivemos a visita inesperada e sempre bem-vinda do padrinho dele que, também como de costume, chegou com seu jeito simpático e manso, e perguntou se eu não estava assistindo à televisão.
- Ah, então você não sabe... Liga aí pra você ver uma coisa.
Liguei e não entendia nada do que via. Um filme-catástrofe passando em mais de um canal na mesma hora? As imagens eram as mesmas, mudava só o tom de histeria dos âncoras. Desliguei quando um deles queria convencer os espectadores de que a imagem do Demo se formava na fumaça antes de se dissipar.
Confesso que até hoje me relaciono com o evento de mesma forma fria de alguém que assiste a matanças em filmes americanos. Neles as pessoas morrem como moscas, mas ninguém liga, porque sabemos que é de mentirinha. 
Nos dias subsequentes continuavam os episódios daquele mesmo seriado. Agora os protagonistas eram os bombeiros, e o suspense era criado pela esperança de que eles encontrassem sobreviventes entre os escombros.
Na sequência veio também o dó daquelas criaturas que tudo fizeram acreditando num paraíso com sei lá quantas mil virgens à sua espera. Quem no mundo ocidental se lembrava que havia muito mais gente se matando por aí por causa disso?
Há 14 anos atrás não havia internet como temos hoje, e até mesmo a televisão não tinha o mesmo alcance que tem agora. Nos locais preservados da informação imediata, a vida seguia, como seguia o sol pálido e a temperatura amena do inverno carioca. Mas sim, a vida nunca mais foi a mesma nos grandes centros, que se tornavam alvos mais ou menos visados, dependendo do grau de intimidade que seus governos tinham com o Tio Sam.
Quatorze anos depois vimos tendo uma nova série. Menos bombástica, menos badalada, menos assistida, menos comentada, talvez por ser uma produção mais, digamos, européia. Mas não menos perniciosa, como também não menos chocante. O mundo ocidental a vinha assistindo com um certo tédio e compaixão modorrenta, até que surgiu um protagonista mirim para estrelá-la de forma nefasta, aparecendo morto na praia trajando roupas de cores vivas. Foi aí que um sentimento, talvez atávico, nos uniu. Pelo menos durante os 5 minutos de fama que a linha do tempo do Facebook confere a seus eleitos, quando sentimentos profundos são despertados, até que você ria do próximo meme.
E a vida segue sob a chuva cálida que cai sobre os sem-teto no inverno carioca.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

TOBEFOUNDLAND - 17/06/2015

He likes Pearl Jam, Audioslave, The Doors, and Credence Clearwater Revival, of course.
He also likes, at times, riding away in his black Maverick across the US, his only whim in a whole old hippie, green lifestyle. To take a break from his dusted diesel-fueled pickup, used day-to-day for just a bit of everything.
Also he likes cooking Italian and Mexican food. Has almost quit drinking, were it not for some sips of wine along with the pizza or pasta. Or some beer with the tacos. Nothing that would hinder his disposition to wake up early and with a clear mind for the day ahead.
His house overlooks the green meadows and the dust in the air above the dirt road a bit far beyond. Rustic as it is, all in it reveals his liking for things made of good, long-lasting wood. Just as his well-taken care of LP collection shows too his liking for the organic and kind of dirty sounds they produce. And the almost undescribable sensation of the smell of old paper we breathe in when he manipulates their sleeves with the utmost care and reverence. They shelter 70's rock, blues and folk the same way we wrap up and tug a sleeping newborn baby, in a coldish cosy night.
Standing on the porch, we see on the left a pretty huge and shady tree which name I have no clue.  Further, there's a half dry pond, and then the refreshing woods. To the right there's an old ox cart 'decorating' the lawn, on which I always feel the urge to recline. But then the flower beds and vases came first, and now seem to be unmovable, with all that moss and dampness around, certfiying their antiquity and post.
He is kind, quiet but witty, and doesn't mind being on his own. But would rather have someone with a good conversation and a comfortable silence to share a kettle of herbal tea with.


quarta-feira, 20 de maio de 2015

ONE LIFE, TWO MINDS - 20/05/2015

Looking back upon myself, I realize I have always been in two minds: between The Dhamma Backpacker and The Simple Man.
The Dhamma Backpacker is a free spirit, with a keen liking for the road and the whole wide world, with all its colours, and cultures, and sounds, and tastes...
The Simple Man sees his house as his world: as long as everybody in and around it is happy and safe, everything is fine in the Universe.

But tonight is a perfect night to be in a place called  home,
lying your body cosy and warm next to someone you love.

Sawyer takes me back to a long longed for place.
A place where I've always wished I had belonged.
Where my love-filled heart can spread on the palms of welcoming hands,
Where my weary body can rest in the warmth of squeezing arms,
Where my soul can sink and deeply shelter in an embrace.




sábado, 25 de abril de 2015

SAVED BY A WOMAN

'Did you know that true love asks for nothing?
Her acceptance is the way we pay.' 
(Stevie Wonder, As)

Then comes Sawyer Fredericks, displaying true heart-felt, gut-felt gratitude for the love he's given. That's all it takes to be flooded by even more love and bliss.
Love can be plain and simple, like living and dying, like the rising and the setting of the sun, like the phases of the moon and the sea tides. Like eating the fruits of the season. Like blooming and ageing.
Bathe in the love given to you each day and there'll be no place for hatred. Only joy.


sexta-feira, 3 de abril de 2015

Back home in the Shire - 28/12/2014



É como chegar em casa cansada, mas satisfeita, com aquele sentimento de dever cumprido.
Antes de tomar um banho, convém arrumar as compras e o jantar. Mas começa a chover lá fora, então cai bem um chocolate quente pra relaxar vendo a chuva cair.
Ao final da xícara, a chuva também vai amenizando e os pássaros começam a cantar de novo.
A Terra Média é uma delícia...

sábado, 14 de março de 2015

Cariocas não gostam de bancos lotados - 06/02/2015

Picture this: situação surreal num banco carioca. Lotado. Perto da hora de fechar numa sexta-feira chuvosa, sem muita cara de happy hour. O painel eletrônico que vai anunciando a senha tá bugado. Os (poucos) caixas vão gritando a senha numérica que recebemos num pedacito de papel. Me sinto numa repartição pública do INPS na década de 40. (Desculpem a licença poético-histórica: em que ano começou o INPS?). Só falta o barulho das máquinas de escrever e dos ventiladores de parede pretos e empoeirados.
Mas o espírito carioca ameniza a pressão. Conversamos como se bebendo cerveja num bar. Quando o caixa chama um número de alguém que não aparece, gritamos "Já foi!", sem que ninguém tenha combinado. E rimos. Falam banalidades enquanto escrevo. Nem tão carioca, terminada a mini-crônica farei minhas palavras cruzadas. Budistas evitam falar banalidades. Imagino que, fôssemos paulistas, por sermos ainda brasileiros, estaríamos talvez soltando umas piadinhas. Que seriam provavelmente bem mais amargas, suscitadas pelo choque que é este espetáculo de péssimo serviço!
Numa excursão no Maranhão fomos visitar o farol de Mandacaru. Interessante porque, após subirmos seus inúmeros degraus, poderíamos ver a vista de 360°. O rio, o mar, e a estreita faixa de areia clara que os separa. Para tal, saltamos do barco no cais e procedemos para a fila no portão de entrada. A visitação é gratuita e a entrada é estritamente controlada por militares, pois o farol é relativamente pequeno e pertence à Marinha.
O farol fecha às 11h30 e volta a abrir às 13h. Estávamos prestes a entrar quando deu o horário e o militar de plantão comunicou ao pessoal da fila que encerraria a visita por ora. Uns desistiram. Eu não acreditei. Imaginei que encerrariam a entrada na fila às 11h30! Fui falar com o militar expondo meu ponto de vista. "Tá escrito aí fora", foi a resposta dele. Repeti meu raciocínio acrescentando que isto estava errado, que eu não tinha vindo de longe com as minhas crianças pra perder o passeio pelo qual eu paguei! Aí veio o paulista com seu celular na mão perguntando a quem eles eram subordinados, avisando que ligaria para eles a fim de relatar a ocorrência a seus superiores. Enquanto o paulista procurava o número pela internet, voltei a "apelar" para a compaixão do militar: que decepção viajar até tão longe e perdermos a vista do farol! Depois de esperarmos em baixo do sol, suados, com sede, com calor... E à toa, pra perder o passeio, que estava no roteiro que compramos e blá-blá-blá. O militar nem olhava mais pra minha cara. E o silêncio se fez. Suspirei alto e ficamos os três olhando para ele. Ele olhou em direção ao silêncio e viu três caras tristes atrás das barras do portão. Mongrel dogs. Levantou-se rápido e, irritado, liberou nossa entrada com aquela cara de vai-logo-antes que-eu-mude de ideia. Meu filho até hoje acha que foi a ameaça-fantasma da ligação paulistana.
Chamaram a minha senha.


sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

PASSANDO O AÇUCAREIRO - Hello, mottos!

Segundo a astrologia chinesa, 2014 era o ano do Cavalo. Retro-refletindo, avalio hoje como ele entrou estrepitoso em sonhos e ansiando por liberdade, mesmo como um cavalo de corrida. Era o ano da Copa, o ano das eleições, o ano em que minha filha mudava de escola. O ano que só começava no segundo semestre, de tantos feriados que havia no primeiro! O ano que acabou sem começar direito. O ano do Cavalo deu zebra.
Ainda segundo os chineses, 2015 é o ano do Carneiro, que deve ser menos energético e mais lento que o ano passado, como também mais harmonioso, equilibrado e pacífico, nos aproximando da família e nos deixando mais sensíveis e criativos para enfrentar os problemas. Talvez por isso tenha sentido que a passagem desse ano foi bem mais sutil e preguiçosa. Como se 2014 estivesse passando para 2015 do mesmo jeito que passamos o açucareiro na mesa do café-da-manhã de domingo.

Na meditação da manhã do dia 1º ouvia-se ao longe o funk do baile que teimava em não terminar. Com o calor, já tão cedo, mesmo os pássaros pareciam ainda querer dormir, enquanto o vento, por sua vez, parecia não querer soprar. Um ano que não queria começar: pesado, quente e sonolento.
Imersa nessa modorra generalizada, atipicamente me senti com vontade de sair do Vihara e voltar para a minha casa, para as minhas coisas, para os meus assuntos. De preferência ficar sem as crianças, com tempo e espaço só para mim e minha inevitável mente. Como se, depois do café-da-manhã, quisesse voltar a dormir, ou me esconder em minha toca, no meu Hobbit Hole, até que o calor passasse e o mundo novamente voltasse a se mover tocado por, ao menos, uma brisa fresca.
Esperando este precoce e prolongado domingo acabar, sem nenhuma pressa pela azáfama das segundas-feiras, avisto o novo ano chegando como se fosse um navio em mar de calmaria. Não espero que ele traga novidades, apenas mais do mesmo. 
Mas se engana quem nestas linha lê monotonia. Como bem descreveu Joaquim Ferreira dos Santos em sua mais recente crônica, "as pequenas felicidades escondidas nas desacontecências de 2014 me foram mais importantes." Foi onde imponência do Cavalo deu lugar à doçura da zebra. E "a preservação dessas trivialidades benignas é fundamental para a felicidade da nossa espécie."
Com meu motto de 2014, "let go of things", deixei bastante coisa para trás, cavalo querendo se livrar das rédeas e arreios. Já como ovino, hei de ruminar 2015 com meu motto by John Lennon: "Life is what happens to you while you're busy making other plans."





SIMqüenta - 22/09/14

SIM, patia.
SIM, plicidade.
SIM, ceridade.
SIM, cronicidade.
SIM, qüenta!
SIM, com trema pra todo mundo ler como se fala.
NÃO é assim que se escreve sincronicidade,
nem sinceridade,
nem cinquenta.
Mas quem SIMporta?
SIMbora viver mais SIMqüenta!
Patrícia SIMoens.

PAREDES - 05/09/14

Hoje, no biscoitinho da sorte do chinês, veio a mensagem: "Se você está só é porque construiu paredes ao invés de pontes."
Não posso negar que sou comunicativa, sou relativamente extrovertida, tenho bom senso de humor, sou geralmente boa de jogo... e sou humilde. Ou seja, nada do tipo que constrói paredes ao invés de pontes.
Deduzo, então, que esse "lonely feeling" só pode ser algum karma aí que ora vem frutificando. Alguma outra crença poderia dizer é um desafio que tenho que enfrentar para me elevar espiritualmente. Alguma outra poderia dizer que é praga. Ou que estou pagando meus pecados. E por aí vai um fieira de explicações.
Volta e meia lembro de uma história do meu monge favorito. Sem nenhum treinamento prévio no ofício de pedreiro, com muito esforço e paciência, ele havia erguido uma parede na construção de um mosteiro. Dois tijolos ficaram mal colocados e ele se envergonhava muito deles. Até que um visitante no mosteiro o parabenizou pela parede e chamou sua atenção para os outros 998 tijolos bem colocados! Daí pra frente sua atitude com relação à parede mudou, e ele passou a usar este símile para despertar a atenção de outras pessoas quando elas reclamam dos problemas de suas vidas. Possivelmente elas não estão olhando a parede toda, só os dois tijolos errados!
Depois de conhecer esta história penso logo nos outros 998 tijolos quando sinto que vou entrar no "modo lamentação". Mas, pra me livrar mesmo desse Samsara besta, o melhor é me lembrar, momento a momento que, se não houver o construtor, não haverá mais nada. Nem paredes, com seus tijolos certos ou errados, nem pontes.

DIA DAS MÃES - 11/05/14

Dia das Mães, ok.
Sonho de consumo: tempo livre.
Melhor presente: a lição que o que importa é o amor que você sente.
Missão: aprender a não esperar nada dos outros porque, afinal, são os outros!

Valentine's - 15/02/14

Acho que temos que observar bastante nossa mente para não confundirmos a seguinte ninhada de gatos: metta por si mesmo e egolatria; compaixão e generosidade com não dar importância a si mesmo e baixa auto-estima; e equanimidade em datas especiais com insensibilidade.
Nas "datas especiais", repletas de comportamentos condicionados, é complicado ficar equânime com a publicidade batendo à nossa porta e a carência querendo sair pela janela. Não sei se é massagem de ego ficar se dando agrados, fazendo pequenos mimos consigo mesmo. Pessoalmente tenho a sorte de detestar comprar, então só me aventuro quando eu preciso mesmo.
Neste Valentine's, pior foi controlar a aquisição e consequente consumo de chocolate...

kidless - 28/01/14

Hoje tenho noção da liberdade que eu tinha quando não tinha filhos. Chegava em casa do trabalho e fazia o que quisesse. Como eu tinha tempo e não sabia!

SER POP É SER MAIS RELAX - Janeiro de 2014

SESC GRUSSAÍ - Como é bom frequentar os mesmos lugares que as pessoas que não nasceram em berço de ouro frequentam! Só de olhar em volta, dá pra perceber que as pessoas aqui hoje têm as mesmas coisas que outras de classes mais altas. Mas também dá pra perceber que elas, ou seus pais, lutam ou lutaram para isso, então dão muito mais valor ao que têm. Estão muito mais satisfeitas e realizadas com esse relativamente pouco que, para alguns, pode ser até muito!
Olhando para os meninos, vejo que eles se divertem com a piscina, comendo hambúrguer, às vezes tomando uma cervejinha. Outros, mais introspectivos, parecem apreciar os estudos e seu aparente sucesso escolar.
As meninas, bem... elas não me chamam muito a atenção, sorry... Os modelitos em geral correspondem ao que cariocas poderiam chamar de "SAARA Fashion".
A  forma física da galera em geral revela que comem as promoções do Supermercado Guanabara ou quejandos. Integrais e orgânicos passam longe. Consumo inconsciente. Bem, apesar de meus esforços naturebas, confesso que não destoo da paisagem.
Meninos e meninas, todos parecem curtir bem suas famílias e amigos. No ambiente rola muito menos tensão, menos controle da auto-imagem, e bastante mais espontaneidade e cordialidade entre os hóspedes do que em outros lugares que já frequentei.
Este bem-estar da simplicidade vai fazer mais bem à minha filha do que a tensão constante de querer ir à Disney como as amiguinhas - muitas das quais foram com as despesas pagas pelos avós ricos, que minha filha não tem.

DHAMMA ON THE ROAD - 16/01/14

Dirigir na BR-101 é um verdadeiro videogame de corrida de carros na vida real. Portanto, é uma ótima oportunidade para se praticar o Dhamma.
Para dirigir em mão dupla e se salvaguardar de ultrapassagens proibidas vindo na contramão, plena atenção.
Para não ter raiva dos motoristas barbeiros, velozes e furiosos, metta.
Para proteger sua própria vida e dos apressados que insistem em te ultrapassar, mesmo que você esteja na velocidade máxima permitida, karuna. É aquele momento em que você deixa espaço suficiente para seu coleguinha de samsara ser feliz entrando na sua frente na fila de carros atrás de um caminhão, gloriosamente se adiantando os poucos metros que correspondem às medidas de seu carro econômico.
Dhamma on the road é meditação dirigindo.